Música à parte, ajudar quem mais precisa foi, na tarde desta quarta-feira, a tarefa da equipa do Festival Urban Wonderland, que se juntou aos voluntários do projecto Refood Faro e garantiu o jantar a dezenas de famílias da cidade.
A querer marcar a diferença no Algarve, desde logo por ser o primeiro festival inteiramente dedicado às artes urbanas na região, o evento, organizado pela Black Team, destaca-se agora pela vertente solidária.
“Achamos que é importante ajudar os mais necessitados e, normalmente, nestes eventos no Algarve, ao contrário do que acontece em Lisboa com muita frequência, não se costuma ver este lado social”, disse ao POSTAL um dos sócios da Black Team.
Para além desta ajuda, que “não custa nada”, o Urban Wonderland vai promover uma campanha de recolha de alimentos à entrada do festival para quem quiser ajudar com doações, que reverterão totalmente para a Refood, projecto eco–humanitário baseado 100% em trabalho de voluntariado, que vai ter ainda um stand no interior do recinto. “O principal objectivo é dar visibilidade e sensibilizar as pessoas para esta iniciativa”, afirma.
Jorge Moita foi quem acolheu e coordenou os cinco membros da equipa responsável por trazer 12 horas de música seguidas à Associação Recreativa e Cultural de Músicos, em Faro, no próximo dia 16 de Dezembro. “Esta é uma iniciativa importante para nós e ver toda a gente a ajudar é óptimo, toda a ajuda é sempre bem-vinda”, confessou o voluntário, um dos responsáveis pelo projecto sediado no número 19 da Rua do Alportel, em Faro.
Palavras que se compreendem facilmente quando os números mais recentes indicam que, em seis meses, já foram entregues 3.471 refeições a cerca de 20 famílias e 47 beneficiários. Um cenário que não seria possível sem a ajuda dos cerca de 150 voluntários que, de segunda a sexta-feira, fazem questão de servir o jantar aos mais carenciados.
Um balanço de meio ano a distribuir refeições solidárias que, segundo Jorge Moita, é “muito positivo”. Para além das “várias empresas que apoiam”, são, actualmente, 45 as fontes de alimentos com que a Refood pode contar diariamente.
Isabel Pires é responsável por uma dessas fontes, ou seja, a proprietária de um dos restaurantes que doam alimentos, que anteriormente estariam destinados ao caixote do lixo. “Hoje é cozido à portuguesa”, anuncia a cozinheira na altura da troca entre tupperwares cheios e vazios. Entre boa-disposição, a conversa termina com um carinhoso “obrigado, até amanhã!”, na certeza de que mais voluntários voltarão, no dia seguinte, à mesma hora.
“Estamos há cerca de um mês a dar à Refood as refeições que sobram, não nos importamos porque sabemos que há muita gente que precisa e a nós não nos faz diferença nenhuma”. “É sempre bom ajudar o próximo”, conclui Isabel Pires.
Apesar de toda a cooperação, Jorge Moita confessa que “é muito difícil socorrer tanta gente”. “Temos uma lista de espera de cerca de 40 famílias e, infelizmente, não conseguimos abranger todos os que nos pedem ajuda”, diz.
O POSTAL e o seu caderno mensal Cultura.Sul são Media Partners do Urban Wonderland.
(Com Henrique Dias Freire)