“Hoje é um dia muito difícil para os moradores da ilha, é um dia de luto. Hoje aconteceu o que nós tentámos protelar até à última durante estes 40 anos”, começou por dizer ao POSTAL Feliciano Júlio, presidente da Associação de Moradores da Ilha do Farol, acerca da acção de posse administrativa que decorreu durante a manhã desta quarta-feira na ilha do Farol.
A tomada de posse foi efectuada por técnicos da Sociedade Polis Litoral da Ria Formosa, acompanhados por dezenas de elementos da Polícia Marítima, enquanto os moradores se colocavam em frente às casas para tentar impedir a acção.
“A quantidade de polícias presentes hoje de manhã na ilha foi um exagero porque nós sempre demonstrámos que tínhamos todo o civismo. Os nossos protestos sempre foram pacíficos”, salientou Feliciano Júlio.
Em ambiente de tensão e com muitas lágrimas por parte dos moradores, a Sociedade Polis acabou mesmo por tomar posse de 12 das 35 habitações. A previsão era serem 15 as habitações tomadas no dia de hoje, mas devido a providências cautelares houve três sobre as quais a entidade não pôde proceder à posse.
A acção e, consecutivamente, os protestos continuam amanhã, quinta-feira, com a tomada de posse das restantes 18 habitações. O processo de demolição está previsto acontecer dentro de um mês.
“Agora vamos manter a devida calma, vamos acatar as decisões e vamos recorrer naquilo que for possível recorrer”, garante Feliciano Júlio, salientando que a luta vai continuar e que o objectivo é a “legalização destas casas e deixar estas pessoas descansadas e em paz” porque, garante o responsável “já chega deste sofrimento”.
(Com Henrique Dias Freire)