No Dia da Freguesia de Castro Marim, a Junta decidiu distinguir três habitantes da vila, numa sessão solene que aconteceu ontem, 8 de Julho, no auditório da Biblioteca Municipal de Castro Marim. As medalhas de dedicação, mérito e honra foram entregues pelas mãos de: José Domingos, presidente da Assembleia Municipal; Francisco Amaral, presidente da Câmara; e Victor Esteves, presidente da Junta de Freguesia.
Medalha de Dedicação – Ernesto Gregório Pires
Ernesto Pires teve uma infância normal, como o próprio descreve. Termina a quarta classe aos 12 anos e é com essa idade que começa a trabalhar nas obras com o pai, onde se mantém até ir para a tropa. Mais tarde inscreve-se na PSP e é colocado ao serviço em Lisboa, depois em Angola, e ainda passa pelos Açores.
Casa e constitui família em Vila Real de Santo António, onde foi colocado depois de ser promovido. É a vida familiar e o nascimento dos filhos que faz renascer em Ernesto o gosto de montar presépios, que lhe havia ficado do tempo de escola. A actividade transforma-se numa tradição familiar até que, em 1998, monta o primeiro presépio fora de casa, na igreja de São Sebastião, numa iniciativa que tinha o objectivo de angariar fundos para um grupo de crianças da terra que ia em peregrinação a Fátima.
Em 2002 foi convidado a montar o presépio de Vila Real de Santo António, onde permanece até 2009. Após algum tempo parado, a Junta de Freguesia de Castro Marim convida-o a montar um presépio na vila e desde então, “todos os presépios da vila de Castro Marim têm, pelas suas mãos, crescido em tamanho, qualidade e inovação, que se reflecte num crescente número de visitantes, de ano para ano”.
Medalha de Mérito – Manuel Honrado Nogueira Aquilino
Nascido numa família numerosa, Manuel Aquilino começou a trabalhar desde cedo para ajudar na economia familiar e até completar a quarta classe, foi crescendo entre a escola e o trabalho. “A sua infância foi mais uma das infâncias roubadas pela necessidade de trabalhar”.
Aos 18 anos, Manuel ruma a Lisboa onde trabalhou nos fornos industriais e numa fábrica de materiais de construção. Mais tarde regressa a Castro Marim onde começa a trabalhar na Câmara como canalizador, o único canalizador dos serviços de água da Câmara, ficando conhecido como o ‘Manel d’Água’.
Com a esposa, decide abrir um pequeno restaurante com o nome Fornalha das Tapas, que rapidamente cresce e se transforma oficialmente no restaurante Manel d’Água. “Era um homem dos sete ofícios e de uma habilidade invejável. Não tinha fins-de-semana nem férias, estava sempre em movimento”. O restaurante cresceu em tamanho e qualidade, de tal forma que se transformou numa referência de Castro Marim para muitos turistas. A Junta de Freguesia entrega a medalha a título póstumo.
Medalha de Honra – Adelino António Simão
Adelino Simão nasceu em Castro Marim numa família de salineiros. Com oito anos começou a ajudar o pai nas lides do sal, tomou-lhe o gosto e fez do sal a sua vida, sendo o único dos 11 irmãos que abraçou a paixão da extracção do sal. É também o sal, durante o período que vai trabalhar nas salinas da Fuzeta, que o leva a conhecer a rapariga com quem viria a casar.
Trabalhou 33 anos para uma empresa de Olhão que fazia a extracção mecanizada do sal, aqui nas salinas de Castro Marim, e quando saia do trabalho ainda ajudava o pai nas outras salinas onde ele fazia extracção manual de sal.
Ao longo da vida foi aperfeiçoando a arte de ser salineiro e ainda hoje, aos 81 anos, Adelino é uma referência no que se refere ao sal e à sua extracção.
(com Ângela Mascarenhas)