Raquel Campos-Herrera, investigadora da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) no Centro para os Recursos Biológicos e Alimentos Mediterrânicos (MeditBio) da UAlg, foi agraciada pela Sociedade de Nematologista com o prémio internacional “Syngenta Crop Protection Award”.
Este prémio vai ser entregue no 56º Encontro Anual da Sociedade de Nematologistas, que decorrerá de 13 e 16 de Agosto, em Williamsburg, Virgínia, nos Estados Unidos da América.
Raquel Campos-Herrera tem-se dedicado ao estudo de “Nematódos Entomopatogênicos (NE) ”, utilizando esses organismos como modelo na área da agroecologia do solo. Os NE são amplamente distribuídos nos solos de todo o mundo, sendo também uma das melhores alternativas não-química para gerir pragas de insectos em culturas. A actividade dos NE é fortemente influenciada por factores bióticos e abióticos, como o tipo de solo, a flutuação climática e a presença de inimigos naturais. Actualmente, a investigadora procura compreender como vários entomopatogênicos (fungos, nematódos) interagem com as pestes e outros organismos na comunidade da rizosfera.
“A uma escala regional, exploramos a distribuição de NE nas redes de alimento dos solos dos principais habitats da região do Algarve, para explicar possíveis padrões de distribuição geográfica ligada a outras áreas subtropicais e temperadas, avaliadas nos nossos estudos anteriores”, explica Raquel Campos-Herrera. «Nós integramos metodologias do “insectos-isco” tradicionais e ferramentas moleculares de última geração, implementadas pela minha equipa do MEditBio, analisando o solo e fazendo avaliações geoespaciais para seleccionar factores chave que nos permitam descobrir qual o habitat preferido dos NE. Esta informação permitir-nos-á prever padrões regionais de NE noutras áreas do mediterrânio e o seu potencial exploratório de programas de controlo e conservação biológica.» De uma perspectiva ecológica, a investigadora pretende expandir o conhecimento sobre as interacções multitróficas do subsolo.
Investigadora diz que prémio lhe servirá de estímulo
Para Raquel Campos-Herrera este é um prestigiado reconhecimento para uma investigadora “nova” na área da agricultura, em particular na Nematolgia. “Usualmente, este prémio é entregue a investigadores que trabalham com “nematodos planto-parasitas”, por isso é uma excepção que um investigador que estuda o controlo biológico de agentes seja agraciado”, explica.
Como todos os prémios, também este servirá de estímulo, “não só porque reconhece a qualidade e relevância da minha investigação como nova investigadora, o que me encoraja a continuar nesta linha, mas também porque os meus pares decidiram investir o seu tempo e esforço a prepararem esta candidatura anónima, e eu tenho muita sorte por ter sido eleita entre todos os possíveis candidatos”, conclui Raquel Campos-Herrera.
Este prémio é atribuído anualmente a um investigador que não tenha sido previamente reconhecido e que tenha contribuído com um significativo avanço para a agricultura. Essa contribuição deve ter sido executada nos últimos cinco anos e o nomeado deverá ter realizado o seu doutoramento até 15 anos à data do prémio. Um investigador não pode autonomear-se, sendo os candidatos sugeridos pelos seus pares, normalmente outros investigadores na área da agricultura, com particular ênfase na nematologia (ramo da zoologia que estuda os nematódos).