A britânica Kate Juby, de 24 anos, foi violada em Abril de 2017 quando viajou para o Algarve para assistir a um festival de música próximo de Aljezur.
Passados, quase dois anos, a jovem decidiu quebrar o silêncio e divulgar a sua história ao jornal britânico Mirror para que outras vítimas não passem pelo pesadelo que ela viveu e não enfrentem a mesma provação nas mãos do sistema jurídico português.
Após a violação, “a jovem conseguiu fugir até à estrada principal para pedir ajuda. Um casal alemão socorreu-a, cobriu-a com um cobertor e cuidou dela até a polícia chegar”, explica o Correio da Manhã.
Chegada ao hospital, Kate alega que o tratamento recebido foi outro pesadelo: “prenderam-me numa cama e tiraram todas as minhas roupas. O médico disse-me para parar de chorar e que eu precisava de ‘crescer’. Colocaram-me agulhas no braço e injectaram-me dois líquidos que eu não sabia o que eram”.
A mulher afirma que posteriormente tiraram-lhe amostras de sangue e fizeram as colheitas para recolher ADN ao mesmo tempo que lhe diziam para não chorar. “O médico foi muito cruel comigo. Foi horrível”, conta.
As injecções eram antirretrovirais – usados para suprimir o HIV – e antibióticos. A jovem terá recebido também pílulas anticoncepcionais de emergência. Seguiu-se a Polícia Judiciária de Portimão onde Kate afirma não lhe ter sido dado nem um copo de água durante várias horas. O agressor foi depois apanhado pelas autoridades onde terá ficado à vista de Kate.
“Do outro lado do vidro, estava o homem que me violou. Ele estava a sorrir. Foi tão traumatizante quanto ser violada. Eu comecei a chorar histericamente. Seis horas antes, esse homem tinha-me violado”, conta ao jornal Mirror.
Só após 18 meses é que o agressor foi levado a tribunal e, enquanto ele tinha direito a assistência jurídica, ela teve que usar Pro Bono Portugal, um grupo de advogados voluntários que oferecem conselhos àqueles que não podem pagar. Ela e a família só conheceram o advogado duas horas antes de o caso chegar ao Tribunal de Lagos, em Outubro de 2018.
Conforme afirma o CM “o homem foi condenado a pena suspensa e a pagar uma indemnização que Kate alega ter doado a uma instituição de caridade portuguesa”.
(CM)