Uma equipa internacional de historiadores do Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (IHC/NOVA/FCSH), dirigida pelo Professor Fernando Rosas, realizou nos últimos anos uma investigação pioneira em Portugal cujo objetivo foi identificar os trabalhadores forçados e os prisioneiros dos campos de concentração nazis de nacionalidade portuguesa.
“Trata-se de uma investigação onde se demonstrou, uma vez mais, que Portugal – que foi oficialmente um país que declarou a neutralidade durante a 2ª Guerra Mundial -, afinal não esteve alheado do conflito. Foi possível identificar, para já, cerca de 1000 portugueses, sobretudo emigrantes em França, que foram também vítimas do III Reich”, segundo nota de imprensa enviada ao POSTAL.
No âmbito deste projeto, foi proposta ao Governo Português em 2016 a colocação de uma placa em memória destes portugueses, no Campo de Concentração de Mauthausen. A proposta veio a concretizar-se no ano seguinte, em 2017, sendo descerrada oficialmente uma placa trilingue no “Muro das Lamentações” do campo, reconhecendo assim Portugal, “pela primeira vez, as vítimas portuguesas do regime Nazi, e homenageando-as simultaneamente”, diz nota de imprensa enviada ao POSTAL.
A escolha deste Campo assenta, essencialmente, em alguns factos históricos, tais como, o de que Mauthausen, na Áustria, foi o campo por excelência do trabalho forçado, constituindo um dos maiores complexos de trabalho forçado na Europa da 2ª Guerra Mundial, sendo, igualmente, o campo mais “latino” do sistema concentracionário.
Um dos objetivos do projeto de investigação consistiu na organização de um Congresso Internacional em torno do tópico “Trabalho Forçado”, que veio a realizar-se no Goethe Institut-Lisboa, bem como na apresentação de uma exposição, no Centro Cultural de Belém, no final de 2017.
Na sequência da exposição, o Município de Loulé “aceitou o repto e estabeleceu entretanto uma parceria com a equipa de investigação para inaugurar em Loulé a exposição internacional “Trabalhadores Forçados Portugueses do III Reich” e, em simultâneo, realizar localmente a investigação que permitiu complementá-la com o núcleo ‘Os Louletanos no sistema concentracionário Nazi’”. A exposição encontra-se presentemente patente ao público em Loulé, na Casa-Memória Duarte Pacheco.
No quadro desta relação entre a Universidade Nova de Lisboa, através do IHC da FCSH, e o Ministério de Negócios Estrangeiros do Governo da República Portuguesa, o Município de Loulé “disponibilizou-se para participar na cerimónia de 5 de maio de 2019, reunindo todos os meios para que duas turmas do 11º ano da Escola Secundária de Loulé participassem neste ato formal de indelével importância”. Os alunos desenvolveram, ao longo do ano letivo, um projeto educativo sobre a temática e vão participar na cerimónia acompanhados por quatro dos seus professores e por representantes da Câmara Municipal.
A comitiva será, ainda, integrada pelo Embaixador de Portugal em Viena, António Almeida Ribeiro, o Professor Fernando Rosas e alguns dos historiadores da equipa do IHC/NOVA/FCSH, Cláudia Ninhos e António Carvalho, Diretor do Museu Nacional de Arqueologia, e também em representação da Direcção-Geral do Património Cultural do Ministério da Cultura.
Através da participação nesta cerimónia, que junta anualmente em Mauthausen cerca de 45.000 pessoas, Portugal garante pela terceira vez consecutiva uma presença nas cerimónias oficiais, criando assim uma dinâmica que se deseja que tenha continuidade e seja alargada a outras instituições portuguesas.
(AC/HF)