O trajecto entre Tavira-São Brás encerrou esta manhã, 22 de Fevereiro, o ciclo de cinco viagens de autocarro onde a DECO Algarve desafiou várias personalidades da região a utilizar os transportes públicos e conhecer de perto os problemas frequentes com que se deparam residentes e turistas no seu dia-a-dia.
Luís Palmeira, da direcção da DECO Algarve, José Liberto Graça, presidente da União de Freguesias da Luz de Tavira e Santo Estêvão, Carlos Manuel Viegas de Sousa, presidente da freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo, e José Mateus, presidente da freguesia de Tavira (Santa Maria e Santiago), viajaram de Tavira a Santa Catarina num autocarro onde apenas entraram mais três pessoas.
Para José Mateus “seria bom haver aqui uns ajustes. Se calhar não se justifica um autocarro deste tamanho, de 40 lugares, fazer este percurso. Um autocarro mais pequeno talvez fosse uma boa opção porque realmente são poucas pessoas a fazer este trajecto”.
Horários desadequados e tarifários elevados são os pontos negativos do trajecto
“Os horários disponíveis para este trajecto são desadequados e não fazem sentido”, disse ao POSTAL Tânia Neves, jurista responsável pelo projecto ‘Estes transportes não nos servem – faça greve ao seu carro’. “O percurso intitula-se de Tavira-São Brás de Alportel e o caricato é que, dos sete horários que estão disponíveis, apenas três fazem este real percurso de Tavira até São Brás, e apenas às segundas e quartas-feiras”. Ao POSTAL, o presidente da União de Freguesias da Luz de Tavira e Santo Estêvão disse que no caso de Santo Estêvão só existe um horário de manhã e outro de tarde, sendo necessário “adaptar estas carreiras com mais de 20 anos à realidade de hoje. Cada vez há mais pessoas isoladas porque não têm meios, transportes ou alternativas. Temos de nos manifestar e mostrar o nosso desagrado”.
O presidente da freguesia de Santa Catarina também deu o exemplo dos mais de 20 estudantes que frequentam a escola de São Brás devido à “imensa dificuldade que têm para apanhar os transportes em Tavira. O autocarro que faz a ligação a Tavira parte muito cedo, por volta das 7 horas, e, quando chegam a Tavira, os estudantes saem aqui no terminal rodoviário e têm de se deslocar a pé para a escola. É por isso que os pais têm algum receio de os colocar na escola de Tavira e preferem colocá-los em São Brás, que ainda disponibiliza transporte”.
Para a DECO Algarve, o preço dos bilhetes é outra questão a apontar relativamente a este percurso. “É completamente desadequado, tanto no bilhete simples como no passe mensal”. Cada bilhete simples de Tavira a Santa Catarina custa 3,35 euros e 4,25 euros se for de São Brás a Tavira. O mesmo se verifica relativamente ao passe mensal, com um preço de 61,50 euros de Tavira a Santa Catarina, aumentando para 81,95 euros no trajecto de Tavira a São Brás, uma situação que choca a DECO Algarve. “O valor do passe é calculado de acordo com a distância mas também com o período de tempo em que ele possa ser utilizado. Se é mensal, o tempo de utilização é de um mês, mas na verdade não há acesso a Tavira-São Brás durante trinta dias. Parece que não houve aqui a tentativa de ver o que serve realmente à população”.
DECO apela à participação dos consumidores
A DECO Algarve continua a apelar à participação dos consumidores neste projecto que pretende promover a mobilidade e a qualidade ambiental.
(Cátia Marcelino / Henrique Dias Freire)