A associação ambientalista Quercus saudou o abandono do projecto de prospecção de petróleo ao largo de Aljezur, salientando que seria o caminho errado para o país, e espera que outros projectos ligados aos hidrocarbonetos tenham o mesmo fim.
O dirigente Nuno Sequeira disse à Agência Lusa que “há outros projectos, nomeadamente para Peniche e Alcobaça”, esperando que a decisão da Galp e Eni seja “o prenúncio de outras desistências” e que “Portugal perceba que este não é o futuro”.
Nuno Sequeira considerou que os processos judiciais em que a Quercus também participou como membro da Plataforma Algarve Livre de Petróleo também fizeram parte de “uma conjugação de factores” que levou as empresas a abandonar os projectos.
Destacou ainda a adesão das populações, autarquias, organizações não-governamentais e empresas à causa do combate ao petróleo na costa atlântica.
A Galp e a Eni decidiram abandonar o projecto de prospecção de petróleo em Aljezur, ao largo da costa alentejana, já que “as condições existentes tornaram objectivamente impossível” prosseguir as actividades de exploração.
“A Galp e a Eni tomaram a decisão de abandonar o projecto de exploração de fronteira na bacia do Alentejo. Apesar de lamentarmos a impossibilidade de avaliar o potencial de recursos ‘offshore’ [no mar] do país, as condições existentes tornaram objetivamente impossível prosseguir as atividades de exploração”, referem as empresas numa nota hoje divulgada.
As duas empresas escusam-se a fazer “comentários adicionais” dada “a existência de diversos processos judiciais em curso”.
A concessão para a prospecção a cerca de 50 quilómetros da costa terminava em 15 de Janeiro de 2019, após três prolongamentos do prazo pedidos pelo consórcio formado entre a Galp (30%) e a Eni (70%).
Em Agosto passado, o Tribunal Administrativo e Fiscal de Loulé deferiu uma providência cautelar interposta pela Plataforma Algarve Livre de Petróleo suspendendo a licença, tendo na altura o consórcio Eni-Galp informado estar a “avaliar esta decisão e as respetivas opções”.
O consórcio liderado pela petrolífera italiana Eni tinha previsto iniciar a pesquisa de petróleo na bacia do Alentejo entre Setembro e Outubro, após uma preparação com uma duração estimada de três meses, segundo o relatório enviado à Agência Portuguesa do Ambiente.