Motas, calor, companheirismo, amizade e muita animação à mistura. Estes foram os ingredientes que rechearam o Dia Nacional do Motociclista, que reuniu mais de 20 mil apaixonados pela modalidade na cidade de Albufeira, durante este fim de semana.
De norte a sul do país, muitos foram aqueles que se deslocaram ao Algarve para “evocar todos os companheiros motociclistas” e a “condição de motociclista”, diz ao POSTAL Manuel Marinheiro, Presidente da Federação de Motociclismo de Portugal. O responsável fala ainda num momento de recordar “os princípios, os deveres e principalmente aquilo que nos une à volta desta paixão”. O importante, sublinha, é “continuar a viver a nossa paixão com liberdade, com loucura adequada mas também com o respeito e responsabilidade que é necessária para chegarmos a casa são e salvos e podermos estar cá no próximo ano”.
O momento, sendo de encontro e partilha, exige ainda “relembrar todos os amigos que já partiram”. E é por isso que Manuel Marinheiro fala com especial apreço do antigo presidente da Câmara de Albufeira e motociclista, Carlos Silva e Sousa, que faleceu no ano anterior e que “acompanhou” o grupo por diversas vezes na prova Lés-a-Lés. Marinheiro fala ainda do presidente do Moto Clube de Albufeira, Marcelino Rato, que, por estar doente, não conseguiu estar presente no encontro.
Num clima de festa, Albufeira foi durante este fim de semana palco de um conjunto de atividades alusivas à data. No sábado, 27 de abril, teve lugar a receção aos participantes, um momento em que os motociclistas tiveram a oportunidade de conviver, degustar os sabores locais e assistir à atuação da banda de rock e blues “Spitfire” e do artista albufeirense Vítor Bacalhau.
Durante a tarde de domingo, 28 de abril, percorreu as ruas da cidade a procissão de homenagem aos motociclistas. Com início no Destacamento Territorial de Trânsito de Albufeira, foi acompanhada por uma Charanga da GNR, que abriu caminho para o andor de São Rafael, padroeiro dos motociclistas e para o andor do Beato Vicente, padroeiro de Albufeira. Os clubes e grupos de motociclistas participantes levaram ainda as suas bandeiras durante o desfile.
A procissão terminou nos Paços do Concelho, onde Flávio Martins, padre de Albufeira, celebrou a Missa Solene, de forma a recordar e homenagear os motociclistas, relembrando aqueles que já partiram. Por fim, deu-se a tão aguardada benção dos capacetes.
O motociclismo representa para muitos uma paixão que é capaz de reunir multidões. É o caso de António Pinto Coelho, de Vila Nova de Famalição, que está na vida de motociclista há 60 anos e que fala, ao Postal, “num sentimento indescritível”. Aqui fazemos amigos para a vida. A adrenalina, a liberdade que temos a andar de mota é inexplicável. É um sentimento muito bom”.
Ao longo destes anos existem várias histórias que recorda com nostalgia, em particular “a viagem que fiz ao Chipre em 1996. Foi uma viagem que juntou cerca de 130 motociclistas de toda a Europa e que durou dez dias. Foi uma viagem repleta de peripécias. Partimos de Lisboa, passámos em diversos países rumo ao Chipre”.
“A situação mais caricata foi exatamente o facto de, sem sabermos, termos ido protestar contra a ocupação turca no Chipre”, pois “chegámos lá e vimos um aparato enorme e só lá é que soubemos que estávamos no meio de uma crise política terrível. Foi uma situação trágico-cómica. Foi uma experiência que nem todos têm a felicidade de ter e realmente marcou a minha vida”.
Por sua vez, Anabela Barreira vem de Lisboa e referiu que este dia “tem um espírito muito bonito que une as pessoas em torno de uma causa e um gosto comum que são as motas”, sendo importante realçar que “o que fica destes anos de motociclista são exatamente as viagens, o convívio, as festas e o próprio espírito inerente ao motociclismo”.
Paulo Neto, vem de Torres Vedras e considera que “existem vários valores que norteiam os motociclistas: camaradagem, amizade, novos conhecimentos, viagens. Só quem vive o motociclismo intensamente é que consegue entender”.
Tiago Santos é algarvio e referiu ao POSTAL que “ser motociclista tem representado a liberdade, o divertimento e um sentimento de pertença a algo diferente”, mencionando que “sempre que nos sentamos nas motas a diversão começa”.
O jovem de Algoz mencionou ainda que “o sentimento experienciado é único. Podemos não conhecer os outros motociclistas mas a paixão pelas duas ruas faz com que sejamos todos uma família”, referindo que “o motociclista permite-me ainda ser mototurista e apreciar aquilo que de melhor a vida tem para nos oferecer”.
Um evento que se reveste de importância “notória” para a cidade de Albufeira. Quem o diz é José Carlos Rolo, presidente da Câmara Municipal que, ao POSTAL, lembra que Albufeira é uma cidade que vive do turismo e tem de se mostrar e dizer que existe” sublinhando que “o turismo é isto mesmo, é a deslocação de pessoas de um local para outro no sentido de verificar e ver o que de melhor existe noutros locais para se poder passar uns dias diferentes”, sendo este “um evento igualmente importante para a economia local”.
Os motociclistas portugueses celebram o Dia Nacional do Motociclista desde 1997. A celebração em Albufeira contou com a colaboração da Diocese de Faro, a Câmara Municipal de Albufeira, o Moto clube de Albufeira e a Charanga a Cavalo da GNR.
(Stefanie Palma / Henrique Dias Freire)