O sindicato dos motoristas de matérias perigosas (SNMMP) lamentou, esta segunda-feira, que a ANTRAM não estivesse preparada para as negociações. O SNMMP e a ANTRAM estiveram reunidos no Ministério das Infraestruturas, em Lisboa, sob a mediação do Governo, representado pelo advogado Guilherme Dray.
Após esta reunião, o sindicato acabou por estipular um prazo de sete dias para que a ANTRAM possa responder às reivindicações dos trabalhadores, deixando em cima da mesa a possibilidade de uma nova greve. Entre as reivindicações dos motoristas de matérias perigosas encontra-se um salário de 1200 euros, um subsídio de 240 euros e a redução da idade de reforma.
Caso a associação não se pronuncie dentro do prazo estipulado, dando resposta aos pedidos dos trabalhadores, estes vão utilizar “todos os mecanismos” de que dispõem, e “muito provavelmente”, irão levar a cabo uma nova paralisação, assegurou Pedro Pardal Henriques, o assessor jurídico do sindicato e antigo vice-presidente.
“É lamentável ter-se passado este tempo desde o pré-aviso de greve e até à data de hoje e a ANTRAM dizer que está surpreendida com aquilo que nós estamos a reivindicar. Nós interrompemos a greve porque [a associação] se comprometeu a negociar connosco, mas chegaram aqui hoje e não estavam preparados”, afirmou Pedro Pardal Henriques aos jornalistas no final da reunião.
Porém, a pedido do Governo o sindicato aceitou dar o período de uma semana para a ANTRAM se pronunciar, estando agendado para a terça-feira da próxima semana o retomar das negociações.
Por sua vez, o vice-presidente da ANTRAM admitiu que a associação “não trazia respostas”, tendo em conta que só hoje teve acesso a uma proposta integral. O responsável da associação alertou ainda que “é preciso refletir” os custos que estão associados às exigências destes trabalhadores, vincando que “não existem apenas” motoristas de mercadorias perigosas.
Confrontado com a possibilidade de os motoristas de matérias perigosas avançarem com uma nova greve, Pedro Polónio referiu que a ANTRAM “não trabalha sob ameaça de greve” e que uma nova paralisação é prematura.
O Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas foi criado no final de 2018 e tornou-se conhecido com a greve iniciada no dia 15 de abril, que levou o Governo a decretar uma requisição civil e, posteriormente, a convidar as partes a sentarem-se à mesa de negociações. A arbitragem do executivo levou a que os representantes sindicais e empresariais chegassem a acordo, no dia 18 de abril, definindo um calendário para o início das negociações, sendo a paralisação desconvocada de imediato.
Durante os três dias de paralisação dos motoristas, o sindicato conseguiu mais 200 sócios.
(Andrea Camilo / Cristina Mendonça)